quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo em quadrinhos.

Compare a São Paulo real com aquela que só existe nos quadrinhos

G1 tirou fotos que 'copiam' o ponto de vista de quadrinistas sobre a cidade. 
Autores, paulistanos ou não, dizem ter o Centro como grande inspiração. 

Gustavo Miller, Márcio Pinho e Paulo Toledo PizaDo G1, em São Paulo
O Centro de São Paulo, que às vésperas do 458º aniversário da cidade se vê às voltas com o combate ao uso do crack, é por outro lado um cenário fértil para a imaginação de quadrinistas. Nas páginas das HQs, a região central é reinventada e visitada por diferentes personagens criados por autores que nasceram ou adotaram a cidade como sua.

Imagem de 'Daytripper', de Fábio Moon e Gabriel Bá, que mostra a vista do Edifício Martinelli (Foto: Flavio Moraes/G1)
Imagem de 'Daytripper', de Fábio Moon e Gabriel Bá, que mostra a vista do Edifício Martinelli, no centro de São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)

É o caso de “Daytripper” (Panini), dos gêmeos paulistanos Fábio Moon e Gabriel Bá. A obra vencedora do Eisner (prêmio mais importante deste mercado) traz a capital paulista tanto como cenário quanto como protagonista. “São Paulo é personagem de qualquer história, já que tudo pode acontecer nela. Estamos expostos aqui a todo tipo de situação: tem o verde, os arranha-céus, tem os aeroportos... Esse caos visual cria uma textura, um sabor para a história que faz parecer natural que o personagem interaje com ela”, acredita Moon, de 35 anos.
Os irmãos escolheram lugares do Centro, como o Teatro Municipal e o Edifício Martinelli, para ambientar as diferentes fases da vida do personagem principal de sua obra, o escritor de obituários Brás de Oliva Domingos. “Por ser uma cidade que não cresceu planejadamente, São Paulo muda muito de cara dependendo de onde você estiver. O Centro tem uma história em que o novo e o antigo interagem bem, você conhece a história e enxerga toda a cidade ao mesmo tempo. Existe uma beleza ali que as pessoas esquecem”, justifica.
A Estação da Luz pelos traços de Guilherme Fonseca e Reonoir Santos (Foto: Flavio Moraes/G1)
A Estação da Luz pelos traços de Guilherme Fonseca e Reonoir Santos (Fotos: Flavio Moraes/G1)
Mesma opinião tem Daniel Esteves, de 29 anos, autor da obra “Nanquim descartável” (HQ em Foco), que traz cenas da Praça Roosevelt e de ruas do Paraíso em sua história. “A região entre a Paulista e o Centro é a que tem os bares que eu gosto em São Paulo. Na Praça Roosevelt há bares e teatros, ela quebra um pouco com a ideia que as pessoas têm do Centro como sendo de um lugar sujo, malvado”, afirma.
Segundo Danilo Fonseca, autor de “Fiapo e La Peña”, obra também ambientada no Centro, São Paulo é como uma Gotham City – cidade fictícia que é palco das histórias do Batman. “Todo quadrinista precisa de uma Gotham City. São Paulo é a minha.” Danilo Fonseca, autor de 'Fiapo e La Peña
Para ele, o grande atrativo do município é a sua multiplicidade. “São Paulo é multiétnica e multicultural. Aqui pode haver todo tipo de personagens, e todos serão universais.” Questionado sobre o lado ruim da capital, Fonseca citou duas coisas que odeia nela. “A poluição e os prefeitos que não cuidam da cidade.”
Apesar de retratar em “Fiapo e La Peña” o Centro como um lugar perigoso, com o crime rolando solto, o autor afirma que todo turista deveria visitar a região. “São Paulo se tornou a cidade mais importante na minha vida. Ela representa passado, presente e futuro.”
O perfil do paulistano “underground” que circula nessa região, aliás, é bastante retratado nos quadrinhos – caso de “Peixe peludo” (Conrad), de Rafael Moralez e Rodrigo Bueno. Esse tipo de personagem acaba contrastando com o perfil da elite conservadora, “a pior parte da cidade”, na opinião de Esteves.
Ele explica que não se trata de uma relação tão obvia de usar a cidade como cenário, mas sim de usar o seu próprio cotidiano e as situações que vive como inspiração. Um dos personagens no “Nanquim descartável” é uma estudante da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, mesma universidade que Esteves frequentou e onde se formou em história.
Já o quadrinista Rogério Vilela, de 41 anos, vê São Paulo como uma possibilidade de ampliar os temas dos quadrinhos no Brasil. “Tem gente que ainda entende que o quadrinho brasileiro tem que retratar coisas tradicionais como folclore, saci, lendas etc.”, afirma. Seu trabalho atual, “Joquempô” (Devir), distancia-se completamente desse paradigma e busca retratar a vida em São Paulo, de pessoas sozinhas que procuram seu lugar no mundo.
A primeira de sete edições já foi publicada e traz como protagonista Marcel, um alterego de Vilela que também é quadrinista e que tenta ligar os pontos da realidade após acordar de um coma de três anos. A história se passa em 2014 e o Centro é um dos cenários. A cidade é governada por uma “parceria” entre a Prefeitura e uma facção criminosa e todos os pobres foram jogados no centro da cidade, depois separado do restante por meio de um muro.
Esatação de metrô Trianon-Masp foi retratado na HQ 'Joquempô' (Foto: Flavio Moraes/G1)
Estação de metrô Trianon-Masp foi retratada na HQ 'Joquempô', de Rogério Vilela (Fotos: Flavio Moraes/G1)
Estações do metrô e até o Shopping Center 3, da Avenida Paulista, acabam virando cenários da trama. Outros bairros estão modificados: o Marginal Pinheiro ganhou um monumento em homenagem a um político.
A paixão por retratar a cidade não significa que Vilela morra de amores pela capital. Ele, como vários outros moradores, diz odiar o trânsito, e que esse problema levou-o a cogitar deixa a cidade há dois anos. Só não se mudou porque encontrou uma casa dentro de um condomínio no Morumbi, na Zona Sul, que o fez mudar de ideia. “Fica num lugar com espaço e verde. Parece interior. Por isso fiquei.”
Mesma decisão não teve Caeato, da autobiografia “Memória de elefante” (Quadrinhos na Cia.), que se mudou para Bragança Paulista, no interior, após casar e ter o primeiro filho. “Como faço um trabalho biográfico, qualquer cenário é um bom lugar. Mudei para fugir da poluição e ter tranquilidade”, justiça o autor de 33 anos.
Viaduto Santa Ifigênia por Danilo Fonseca (Foto: Flavio Moraes/G1)
Viaduto Santa Ifigênia por Danilo Fonseca, do noir 'Fiapo e La Peña' (Fotos: Flavio Moraes/G1)
Na obra, o quadrinista retrata uma importante fase de amadurecimento de sua vida pessoal: quando saiu das asas dos pais e foi morar no Butantã para viver de arte (cujos quadros vendia na feira da Praça Benedito Calixto) e de alguns bicos – como a de promoter no Berlim, balada underground da Barra Funda.
“São Paulo é uma cidade cinza, cresci com isso na cabeça, e isso reflete na maneira de eu desenhar”, afirma. “Não detalho muito no desenho, na paisagem. simplifico bastante. Gosto de focar mais no texto, de como as pessoas se comportam. São Paulo me influencia também nisso, gosto de mostrar desde o largador de carro até o cara fresco de uma galeria de arte”, ri Caeto, natural de Assis (SP).
São Paulo é agressiva na forma que muda, só que é uma mudança natural. Quem é do interior e volta para a cidade natal lembra de sua história. São Paulo tira essa referência"Caeto, autor de 'Memória de elefante

Curiosamente, quem nunca saiu da Vila Madalena são Fábio Moon e Gabriel Bá. Convites não faltaram: eles estão entre os principais quadrinistas do mundo. Tanto, que “Daytripper” foi originalmente publicada nos EUA e depois traduzida para o português.
“São Paulo é a nossa inspiração. Podemos fazer história em quadrinhos de qualquer lugar, era só a gente mundar para uma prainha da Bahia e mandar tudo de lá por um telefone com internet. Aqui estão meus amigos, minha família, meus restaurantes, as conversas do metrô e do ônibus... Daí que saem as ideias e as inspirações. Não faz sentido mudar”, defende.
Para quem desejar ver mais lugares de São Paulo retratados em histórias em quadrinhos, visite o portal de notícias da globo G1 clicando aqui.







458 anos, Parabéns São Paulo.

Essa enorme metrópole que certamente é o motor do país, esta completando 458 aninhos de vida.
Devido ao seu constante movimento, a cidade não dorme jamais, apenas fica um tanto mais calma, mas ainda assim a noite dessa grande cidade é super badalada.
O transito, o calor, o estresse do dia a dia, nada disso é maior que o amor de quem vive aqui, viver em São Paulo é de certo modo uma maldição, pois acostumado a correria daqui, é muito difícil abandona-la, é muito difícil deixa-la, pois a cidade entra em nosso modo de agir, interage com o nosso modo de viver conquistando para sempre quem passar a viver em suas entranhas.

Parabéns querida São Paulo.